segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Dilema do 1 x 0: armar a retranca ou partir para o ataque?

Na saída do jogo o clima era levemente melancólico. Vencer a primeira partida da final do Paulistão por 1 x 0, jogando no Allianz Parque, nos deu a vantagem do empate, mas a perda de um pênalti e a ineficiência tendo um jogador a mais por quase todo o segundo tempo deixou um gosto amargo na vitória. Para alguns, parecia que nem sequer havíamos vencido. Tudo porque, em mata-mata, o placar de 1 x 0 traz consigo um velho dilema: vale mais se agarrar a essa vantagem e segurar o jogo, ou ir pra cima sem considerar o placar já favorável e resolver a fatura de uma vez?

Consideremos antes de mais nada que melhor uma vantagem mínima do que vantagem nenhuma. O palmeirense que nesta segunda-feira continua remoendo o que poderia ter sido está definitivamente vendo o copo meio vazio. 

Além disso, enquanto a equipe quis jogar, nos 45 minutos iniciais, o Santos mal viu a cor da bola. Saímos para o intervalo com um jogo que estava na mão, e estaria mais ainda, não fosse a péssima arbitragem, que deixou de marcar penalidade claríssima em Leandro Pereira.

Já o dilema persiste, porque não tem resposta pronta, a solução depende da consideração do contexto. Oswaldo deve estar desde ontem pensando: temos time para tentar encurralar o Santos em sua casa, praticamente liquidando a decisão se acharmos um gol? Temos, e já fizemos isso em diversas partidas no campeonato. Contra São Paulo, Corinthians e o próprio Santos, nos minutos iniciais da partida. Mas vale a pena correr tanto risco, se expondo tendo 1 x 0 a nosso favor no placar? Talvez não.

O ponto é que chegamos à final como a zaga menos vazada da competição e temos um ataque muito rápido, principalmente com Robinho puxando os contra-ataques no lugar de Arouca, machucado. 

Além disso, é preciso pensarmos que o tipo de jogo proposto por nosso adversário beneficia-se justamente da exploração dos contra-ataques. Nos demos muito bem neste sentido com a ausência do Robinho deles, principal responsável por estas jogadas. Nos nossos domínios, não havia escolha, tínhamos que ir para cima, e este desfalque nos ajudou muito a fazer isto com tranquilidade. 

Lá na Vila, temos que usar esta vantagem a nosso favor, deixando toda a pressão para eles. Armemos o contra-ataque, e deixem que eles tentem se lançar com tudo para cima. Com jogadores leves como Dudu, Robinho, Cleiton Xavier, Valdívia e Kelvin tendo espaço, a partida pode se desenhar de maneira bem favorável, para dizer o mínimo.

Dá-lhe Porco, rumo a mais uma taça!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

O Palmeiras de 2015: um time de personalidade

O palmeirense não tem dúvidas, se 2014 foi o ano da vergonha, 2015 começou de forma maravilhosamente oposta. Nos desfizemos de tudo que lembrava as temporadas de fracasso, trouxemos a bola da vez, Alexandre Mattos, que de cara virou o time do avesso, contratou quase dois times completos, com opções em praticamente todas as posições. Depois de anos de amargura, fomos ousados no mercado. Com a faca entre os dentes, trouxemos Dudu, Arouca e Zé Roberto.

Mas a realidade de um time se revela de verdade dentro do campo. Mais que isso, se mostra nos jogos decisivos e nos clássicos, que é “onde os fracos não tem vez”. Vemos depois de tantos anos, algo que todas as equipes buscam, mas é sempre complexo conseguir: um time de personalidade. Jogadores que não se intimidam em momento algum, sejam quais forem as condições. Jogando com time desfalcado, na casa do adversário, no Derby ou no Choque-Rei. Nada dá mais gosto ao torcedor do que ver um time que chega atropelando, na habilidade e na força, com garra e precisão. 

E é isso que tem feito o palmeirense, mais do que nunca, abraçar o time, não importa o adversário, não importa o que aconteça. Perdendo ou ganhando, estamos com os caras, porque dessa vez, ah, dessa vez eles nos representam!

E nesse domingo, com casa lotada, o clima é de mais um jogo épico, como o da semana passada. E a cada dia mais, cresce a confiança e a certeza de que a magia não será quebrada. De que somos cada vez mais fortes. De que será uma guerra, mas sairemos vencedores!

Avanti Palestra, rumo ao primeiro caneco em nossa retomada do caminho das glórias!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Dando o braço a torcer

Após avaliar que o esquema tático que Oswaldo de Oliveira tentava implementar havia fracassado, preferi aguardar após a partidaça no clássico contra o São Paulo, antes de dar o braço a torcer. No jogo seguinte, contra o Red Bull, mostrou-se positiva a prudência diante da iminente empolgação. Agora, a uma partida de entrarmos no mata-mata do Campeonato Paulista, o time voltou a jogar um belíssimo futebol, e finalmente venho dar o braço a torcer. Mas com ressalvas.

É evidente que a equipe parece ter enfim incorporado o estilo de jogo almejado pelo treinador. A linha de três jogadores no meio campo (Dudu, Robinho e Rafael Marques) começa a se mostrar eficaz. A troca de passes é rápida, com intensa movimentação de todos, e o contra-ataque se tornou nitidamente a principal arma deste time.

A ressalva fica por conta das oscilações. A equipe não pode voar em uma partida, e na seguinte não dar sequer sinais de que são os mesmos jogadores que estão em campo. Uma vez entendido o esquema tático, é preciso adquirir regularidade, o que, logicamente, só virá com o tempo.

De qualquer forma, já é preciso reconhecer que este Palmeiras, quando joga tudo que pode, dá gosto de ver!

segunda-feira, 23 de março de 2015

Oswaldo, o esquema tático não vingou

Que o Campeonato Paulista é composto por uma sequência de amistosos de luxo em sua primeira fase, não há dúvidas. À exceção dos clássicos, via de regra os adversários são tão frágeis que torna-se tarefa árdua encontrar referências que indiquem os pontos realmente fortes de uma equipe. É difícil saber se a facilidade que um time apresenta para se infiltrar na área adversária se deve mais à eficiência de seu esquema ofensivo, ou à fragilidade defensiva de todos os oponentes.

Todavia, o mesmo não se aplica aos pontos negativos. Se um time demonstra dificuldades na criação de jogadas em partidas contra times como o São Bernardo, que exigem tão pouco de seus adversários, algo está realmente mau neste setor. Este é o problema que o time de Oswaldo de Oliveira tem sistematicamente apresentado. No início do ano isto era totalmente compreensível, dada a necessidade de entrosamento dos jogadores e de tempo para implementação do esquema de jogo almejado pelo novo técnico. Mas se nesta altura o Palmeiras não precisava estar voando, era de se esperar ao menos uma evolução, o que não aconteceu.

Ainda na terceira rodada, no clássico contra o Corinthians, tivemos muita posse de bola, um jogador a mais em campo, e não conseguimos criar lances agudos. Entendeu-se que a diferença de desempenho entre as equipes residia no tempo de trabalho de cada treinador. Entretanto, contra times mais fracos o Palmeiras, apesar de estar vencendo, não empolga. Os gols acontecem essencialmente em lances de bola parada ou rebotes da defesa adversária. A movimentação dos atacantes e meias não consegue envolver os zagueiros, nem abre opções de passes para o arremate a gol.

Isto preocupa, e não é algo que permita esperar que a entrada de Cleiton Xavier vá mudar completamente, parece ser muita coisa para um jogador solucionar sozinho. A falha está no esquema tático, não nas peças. A formação escolhida pelo treinador precisa condizer com as características do time que ele tem em mãos, para dar a chamada “liga”. Faltando somente mais quatro rodadas até o final desta primeira fase do campeonato – ou melhor seria dizer “a quatro rodadas do começar o ano para valer” - não há ainda sinais dessa liga.

Oswaldo de Oliveira imaginou, com razão, que uma formação no 4-2-3-1 seria interessante tendo um elenco sem nenhum centroavante clássico, mas recheado de atacantes rápidos. Seria um time muito ofensivo, com dois pontas de lança (Dudu de um lado, e do outro Rafael Marques, Allione, Mouche, Leandro e Alan Patrick brigando por uma vaga), um meia armador no centro (Valdívia, Cleiton Xavier ou Robinho), e na frente um centroavante de movimentação, o tal do “falso 9”, tendo como opções Gabriel Jesus, Leandro Pereira e Cristaldo.

Na teoria a proposta era válida. Oswaldo imaginou que seria um time de mais intensidade do que de criatividade, pressionando o adversário na saída de bola e com muitas opções de chegada dentro da área. Entretanto, este cenário não se concretizou, seja porque os atacantes não entenderam a proposta, ou porque simplesmente não possuem as características imaginadas pelo treinador.

Diante disto, o que se espera de Oswaldo é a percepção de que é preciso aproveitar esta longa “pré-temporada” e testar outras propostas, que podem de forma mais rápida dar liga. Por exemplo, porque não utilizar uma formação clássica, 4-4-2 ou 4-2-2-2, apostando mais na troca de passes envolvente no meio do que na intensidade ofensiva, que este time não vem conseguindo desempenhar? Teríamos neste modelo uma saída de bola redonda, com Gabriel e Arouca, e seria possível escalar dois meias criativos, como Robinho e Cleiton Xavier, o que em tese faria a bola chegar com mais qualidade até os atacantes, colocando-os na cara do gol ou precisando apenas limpar um defensor para fazer o arremate.

Ainda é cedo para cobrar que um time inteiramente reformulado em janeiro apresente entrosamento e maturidade, mas já estamos passando daquele ponto em que ao menos um esquema tático com potencial de se desenvolver ao longo do ano deveria estar claro. Os resultados até aqui atestam que o caminho não é este, é preciso aproveitar que ainda há tempo para experimentar outras possibilidades.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A bizarra política de precificação dos ingressos - como chegamos aos 350 reais?

Não é de hoje que chama atenção a precificação dos ingressos de jogos de futebol no Brasil. Encontrar a lógica na escolha de quanto custará cada setor do estádio é quase impossível. Os preços, extremamente voláteis, flutuam, mas não seguindo regras de oferta e demanda. Os valores parecem ser chutados ao gosto do patrão, e o que menos parece importar é ter o estádio cheio e, por consequência, ter também uma alta renda de bilheteria constante.

Fato é que fui impelido a voltar a escrever depois de um longo período longe do blog, porque vejo beirar a insanidade um clube vender ingressos a 350 reais nas laterais do campo em qualquer jogo. Mas ver isto sendo cobrado em pleno Campeonato Paulista, para jogos como Palmeiras x Audax chega a ser surreal. Para piorar, a partir de agora o ingresso mais barato, na meia entrada, sai por 50 reais.

Isto é uma estratégia para que? Dizer que é para impulsionar o Avanti é manter a falácia, pois o setor Gol Norte, que tem 100% de desconto no plano de 69 reais é minúsculo para a demanda, e poucos serão capazes de arcar com o custo de 140 reais por mês para ter 100% de desconto no anel superior.

O Palmeiras, como todos os times brasileiros com novas arenas, é mais um que está optando por manter as cadeiras das laterais, que são o setor de maior evidência do estádio, vazias, porque acredita que arquibancada funciona como uma “pista premium” de um show. Você paga o triplo ou o quádruplo do valor do ingresso normal, porque tem a regalia de estar perto do palco/campo. Acontece que qualquer um que vai ao estádio sabe que um jogo de futebol não é um show, porque o melhor no futebol não é ter UMA oportunidade de estar perto do palco, mas sim poder estar lá no máximo de jogos que puder, empurrando o time o ano todo.

Na prática estes preços já se mostraram um fracasso completo, a ponto de até mesmo a final da Copa do Brasil do ano passado, num clássico regional entre Cruzeiro x Atlético-MG, ficar com estes setores quase vazios! Que me desculpem os pseudo-marketeiros que tem pensado a política de preços dos estádios, mas qualquer um com 2 de QI já percebeu que se este ingresso custasse 10% a 20% a mais que o ingresso mais barato, teríamos casa cheia e renda muito maior em todos os jogos. Em poucas palavras, trata-se de uma precificação suicida, que extermina o melhor setor do estádio, na esperança de que algum dia o torcedor deixe de perceber quão absurdo é pagar 400% a mais para ficar naqueles lugares.

No caso do Palmeiras, a torcida está sedenta por ir ao estádio, e com ingressos partindo de 15 reais, indo a um teto de 60 reais, teríamos estádio lotado o ano inteiro, e a renda seria a mesma que temos hoje, com as laterais, que correspondem a carca de 15 mil lugares, vazias.

Paulo Nobre, você quer a torcida jogando junto? Então não trate o torcedor como se o salário mínimo tivesse subido para 2 mil reais, não tente bater recordes de arrecadação às custas do abandono do torcedor. Casa cheia, com lucro de 1,5 milhão de reais por jogo vale muito mais do que casa pela metade com o mesmo lucro. Pense nisso.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

A demissão de Gareca: mais do mesmo

A demissão de Ricardo Gareca, após apenas 13 jogos e 8 derrotas, é o chute definitivo em qualquer resquício de planejamento que ainda restasse à gestão de Paulo Nobre. Fui tomado de surpresa pelo anúncio, pois todas as declarações levavam a crer que seria feito o mais sensato: chamar Gareca para uma conversa para discutir os métodos utilizados, que obviamente não estavam funcionando.

O técnico admitiu ter dificuldades para armar uma equipe mais recuada, afirmando não ser este seu estilo. Desde o início, Gareca quis fazer o Palmeiras encarar de peito aberto qualquer adversário, atitude corajosa e que merece ser reconhecida, mas certamente também muito ingênua e pouco prudente. Não temos elenco e nem estamos em situação confortável o bastante para correr o risco que corríamos nos expondo tanto a adversários em geral superiores tecnicamente. É preciso saber reconhecer que para tudo há momentos, e o momento atual era de jogar recuado, esperando uma oportunidade para levar alguns pontinhos para casa.

Seja como for, voltamos à estaca zero. Como o próprio presidente palmeirense reconheceu na coletiva de imprensa, no longo prazo o currículo de Gareca mostra que os resultados viriam. Mas o planejamento foi mais uma vez vencido pelo desespero, a conversa foi deixada de lado, rasgando-se mais um contrato, e o próximo treinador deverá ser mais do mesmo que estamos acostumados a ver.

Provavelmente não cairemos, pois o que precisamos agora é apenas de uma dose de pragmatismo, suficiente para somar alguns pontos e ficar no meio da tabela. Mas para ir mais longe nas próximas temporadas, será preciso algo mais do que qualquer treinador que vejo hoje à disposição pode oferecer.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Que parcela de culpa tem Gareca?

Após mais um revés no Brasileiro, na derrota por 1 x 0 para o Internacional no Pacaembu, a situação na tabela continua delicada. Temos os mesmos 17 pontos do Criciúma, mas nos critérios de desempate nos mantivemos mais uma rodada fora do Z4. A derrota em si não deve gerar nenhuma frustração maior do que aquela já vivida ao longo de todo o ano de 2014. Ficou evidente que nossa luta neste ano é, de fato, para não cair. Sendo assim, uma derrota em casa, com time desfalcado, para o Internacional, que briga no G4, não chega a surpreender. Torcíamos apenas por um daqueles acasos que o futebol pode proporcionar. Frustrante, na realidade, é a demora para o time começar uma reação.

Antes de qualquer análise da bola rolando, é preciso dizer: que diferença faz vender ingressos a preços mais palatáveis! Tivemos casa cheia, mais de 30 mil torcedores apoiando, enquanto nas contas dos pseudo-profissionais que acreditam que preço alto de ingresso aumenta a arrecadação, mantínhamos média de público de 8 mil por jogo e faturamento muito inferior. O Palmeiras, como todos os demais times que reduziram o preço, é mais uma prova de que valores mais baixos só melhoram a qualidade do espetáculo e a renda das partidas!

Em relação ao time, o diagnóstico já pode ser feito com segurança: temos uma lacuna grande no setor de armação, o que tem complicado muito a criação de lances claros de gol. Gareca tem nitidamente tentado contornar a falta de qualidade técnica no meio forçando o jogo pelas laterais. As subidas pelos flancos têm sido tentadas insistentemente, mas também não chegam a levar perigo. Chutamos apenas duas vezes em direção ao gol, número pífio para quem atua em casa e precisa desesperadamente somar pontos.

Na defesa, estamos longe ainda de um esquema sólido. A bola chega com muita facilidade dentro da pequena área, e mesmo que Fábio ande sendo responsável por muitos gols que sofremos (como foi também nesta última partida), é preciso reconhecer que em todos os jogos tem também feito defesas fenomenais, nos livrando de placares até elásticos.

Nesta conjuntura toda, ninguém está mais isento de culpa. O time continua sendo de nível mediano para ruim, e o trabalho que Gareca vem tentando implementar até aqui não está dando resultados. Me parece que nosso treinador está se equivocando ao tentar logo de cara apresentar um futebol ofensivo, de toque de bola, talvez por estar ansioso para mostrar um bom trabalho e justificar perante a pedante imprensa local, a vinda de um técnico estrangeiro para o Brasil.

Brunoro diz que fará uma reunião com Gareca nesta semana para discutir o trabalho e os métodos e táticas utilizados, mas já adiantou que uma demissão está fora de cogitação. Nisso o dirigente está absolutamente certo. É preciso que alguém diga a Gareca que o futebol vistoso que já mostrou saber implementar deve ser buscado num segundo momento. Agora, deve-se apenas fechar a casinha, mesmo jogando feio, o importante é não perder, para assim conseguir se distanciar do descenso. Somente quando não estivermos mais correndo tantos riscos poderemos voltar a buscar o que de fato merecemos, que é um time que vai para cima e joga bonito.

Gareca está pecando porque quer agradar muito cedo, quando não tem nem tranquilidade, nem um elenco capaz de dar bons resultados tão rápido. O “bom futebol” já ficou para 2015, agora é hora de parar de tomar gols e procurar aquele golzinho salvador do jeito que der.