segunda-feira, 23 de março de 2015

Oswaldo, o esquema tático não vingou

Que o Campeonato Paulista é composto por uma sequência de amistosos de luxo em sua primeira fase, não há dúvidas. À exceção dos clássicos, via de regra os adversários são tão frágeis que torna-se tarefa árdua encontrar referências que indiquem os pontos realmente fortes de uma equipe. É difícil saber se a facilidade que um time apresenta para se infiltrar na área adversária se deve mais à eficiência de seu esquema ofensivo, ou à fragilidade defensiva de todos os oponentes.

Todavia, o mesmo não se aplica aos pontos negativos. Se um time demonstra dificuldades na criação de jogadas em partidas contra times como o São Bernardo, que exigem tão pouco de seus adversários, algo está realmente mau neste setor. Este é o problema que o time de Oswaldo de Oliveira tem sistematicamente apresentado. No início do ano isto era totalmente compreensível, dada a necessidade de entrosamento dos jogadores e de tempo para implementação do esquema de jogo almejado pelo novo técnico. Mas se nesta altura o Palmeiras não precisava estar voando, era de se esperar ao menos uma evolução, o que não aconteceu.

Ainda na terceira rodada, no clássico contra o Corinthians, tivemos muita posse de bola, um jogador a mais em campo, e não conseguimos criar lances agudos. Entendeu-se que a diferença de desempenho entre as equipes residia no tempo de trabalho de cada treinador. Entretanto, contra times mais fracos o Palmeiras, apesar de estar vencendo, não empolga. Os gols acontecem essencialmente em lances de bola parada ou rebotes da defesa adversária. A movimentação dos atacantes e meias não consegue envolver os zagueiros, nem abre opções de passes para o arremate a gol.

Isto preocupa, e não é algo que permita esperar que a entrada de Cleiton Xavier vá mudar completamente, parece ser muita coisa para um jogador solucionar sozinho. A falha está no esquema tático, não nas peças. A formação escolhida pelo treinador precisa condizer com as características do time que ele tem em mãos, para dar a chamada “liga”. Faltando somente mais quatro rodadas até o final desta primeira fase do campeonato – ou melhor seria dizer “a quatro rodadas do começar o ano para valer” - não há ainda sinais dessa liga.

Oswaldo de Oliveira imaginou, com razão, que uma formação no 4-2-3-1 seria interessante tendo um elenco sem nenhum centroavante clássico, mas recheado de atacantes rápidos. Seria um time muito ofensivo, com dois pontas de lança (Dudu de um lado, e do outro Rafael Marques, Allione, Mouche, Leandro e Alan Patrick brigando por uma vaga), um meia armador no centro (Valdívia, Cleiton Xavier ou Robinho), e na frente um centroavante de movimentação, o tal do “falso 9”, tendo como opções Gabriel Jesus, Leandro Pereira e Cristaldo.

Na teoria a proposta era válida. Oswaldo imaginou que seria um time de mais intensidade do que de criatividade, pressionando o adversário na saída de bola e com muitas opções de chegada dentro da área. Entretanto, este cenário não se concretizou, seja porque os atacantes não entenderam a proposta, ou porque simplesmente não possuem as características imaginadas pelo treinador.

Diante disto, o que se espera de Oswaldo é a percepção de que é preciso aproveitar esta longa “pré-temporada” e testar outras propostas, que podem de forma mais rápida dar liga. Por exemplo, porque não utilizar uma formação clássica, 4-4-2 ou 4-2-2-2, apostando mais na troca de passes envolvente no meio do que na intensidade ofensiva, que este time não vem conseguindo desempenhar? Teríamos neste modelo uma saída de bola redonda, com Gabriel e Arouca, e seria possível escalar dois meias criativos, como Robinho e Cleiton Xavier, o que em tese faria a bola chegar com mais qualidade até os atacantes, colocando-os na cara do gol ou precisando apenas limpar um defensor para fazer o arremate.

Ainda é cedo para cobrar que um time inteiramente reformulado em janeiro apresente entrosamento e maturidade, mas já estamos passando daquele ponto em que ao menos um esquema tático com potencial de se desenvolver ao longo do ano deveria estar claro. Os resultados até aqui atestam que o caminho não é este, é preciso aproveitar que ainda há tempo para experimentar outras possibilidades.

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