Lembro-me, por exemplo, de 1993, quando ganhamos o Paulista sobre o Corinthians. Havia um enorme clima de euforia na cidade, e o título significou muito para nossa torcida. Na derrota que sofremos para este mesmo rival, em 1999, viu-se a mesma euforia da parte deles. O que mudou?
Os campeonatos estaduais, em sua essência, são interessantes. Permitem enfrentamentos diretos entre os rivais regionais, algo que ao longo do ano ocorre apenas nos jogos de ida e volta do Brasileiro, e eventualmente nas fases decisivas da Copa do Brasil, Libertadores e Sulamericana. Mas mesmo com essa essência, na prática os campeonatos perderam completamente o sentido, porque além de apresentarem formatos pouco competitivos, começam muito cedo e terminam quando ninguém suporta mais. Os dirigentes, quando questionados sobre isso, inaptos a explicar o inexplicável, fingem-se satisfeitos com o formato atual. Na FPF então, nem se discute que o Campeonato Paulista tenha se tornado um desastre. As bilheterias pífias e o desinteresse passam ao largo das discussões internas, que devem versar sobre assuntos muito mais importantes.
No caso do Campeonato Paulista temos, até o mata-mata, uma enorme pré-temporada, com resultados absolutamente previsíveis. No regulamento das últimas duas edições conseguiram piorar o que já era horrível. Além da manutenção da interminável fase de pontos corridos - que é nada mais do que meio Campeonato Brasileiro - passaram a se classificar para a fase seguinte 8 times, e não mais os 4 primeiros. Ou seja, ficou impossível qualquer um dos grandes cair logo após os fatigantes 3 meses de jogos que não valem nada. Para ficar ainda mais bizarro, depois do campeonato se arrastar de janeiro até o final de abril, as quartas-de-finais e semi-finais resolvem-se em apenas uma partida, como se, repentinamente, o Paulistão fosse um torneio de tiro curto. Se não havia nenhuma pressa antes, por que depois não se valoriza justamente a única parte do campeonato que poderia proporcionar emoção à torcida?
Oras, sabendo-se que o que há de mais interessante nos torneios regionais são os enfrentamentos entre rivais, por que não incentivá-los? Há dezenas de formatos diferentes que permitem isso. Dividir, por exemplo, os 20 times paulistas participantes em 4 chaveamentos que se resolvam rapidamente e a seguir ir para o mata-mata seria uma alternativa que tornaria o Paulistão um campeonato muito disputado. Inaceitável é insistir em um torneio do tamanho de meio Brasileirão, com 4 clubes cujas receitas individuais superam as receitas de todos os demais times juntos.
O resultado deste formato é um só: o futebol brasileiro passa a interessar mesmo apenas em maio, com o fim dos estaduais.
O Maluco.
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