A série B não pode ser desperdiçada

Reclamar que o time do Palmeiras é pouco qualificado e carece de jogadores com técnica apurada é chover no molhado. Também é sabido que se por um lado a gestão Nobre exagera nos tons ao falar da perigosa situação financeira do clube, por outro é certo que não há dinheiro para trazer atletas consagrados agora, menos ainda para convencê-los a atuar na segunda divisão do futebol nacional.

Tendo em vista esse cenário o que desejo mostrar é que a série B, por muitos tida como empecilho para formação de um elenco qualificado, pode na realidade ser enxergada como um trunfo se houver um planejamento pensando na próxima temporada, ano do centenário e da inauguração de nosso novo estádio.

Fato é que com dinheiro sobrando qualquer um monta um time de qualidade, como mostra o exemplo do Atlético-MG (lembrando que elenco de qualidade não significa obrigatoriamente que o time vá jogar bem, pois o “jogar bem” passa também pelo trabalho do técnico e pelo ambiente do clube). Mas com “menos dinheiro”, o que não é o mesmo que NÃO TER dinheiro, também é possível montar um grande time. Para isso são necessários dois ingredientes: tempo e inteligência. O primeiro temos de sobra na série B, e o segundo será colocado à prova até dezembro de 2013.

O time atual, apesar de passar longe de arrancar suspiros, é plenamente capaz de garantir nosso retorno à série A. A diferença de estrutura e mesmo das peças do elenco é brutal em relação a quase todos os adversário que teremos no campeonato. Não há motivos para pensar que não sejamos capazes de conquistar, se não o título, no mínimo a vaga de volta à elite do futebol. Sendo assim, o campeonato pode (e deve) servir como um grande laboratório para Nobre, Brunoro e Kleina observarem, ao longo de 6 meses, jogadores em destaque e promessas com baixo custo para contratação, e barganhar, colocando na mesa para negociação os projetos para o centenário, a inauguração do novo Palestra, e tudo mais que for possível. Com inteligência de mercado montaremos um time de alta qualidade, porque não precisamos ter pressa para fazer isso. Não estamos às vésperas da Libertadores, nem estamos há décadas sem conquistar títulos para querermos ganhar qualquer coisinha a qualquer custo. Precisamos somente montar um elenco forte para as grandes competições que virão em 2014.

Aqui muitos palmeirenses já devem estar questionando: e os atletas consagrados para dar experiência ao grupo, não precisam vir? Certamente precisam, mas não agora, não para jogar a série B. Com inteligência se monta um time com jovens talentos e gastando pouco. Com o tempo de 6 meses atuando junto na série B esse time ganha entrosamento e padrão tático. E no início de 2014, com a casa em ordem e um time altamente competitivo, entramos no mercado apenas atrás de dois ou três jogadores tarimbados, para aumentar ainda mais a qualidade do grupo e dar aquela “credibilidade” que pesa muito nos momentos decisivos dos campeonatos.

Esse longo período em que atuaremos em um campeonato muito mais fraco do que a série A precisa ser bem explorado. A pressão da torcida para que contratações de impacto sejam feitas agora me parece muito precipitada. Os grandes jogadores, se aceitarem atuar na segunda divisão, cobrarão alto por isso. Portanto, muito mais saudável é dar respaldo ao trabalho de Brunoro e Kleina para que consigam montar um time competitivo até o final do ano, o que permitirá que no início da próxima temporada os craques que vierem apenas acrescentem ainda mais qualidade a um grupo já muito forte, o qual, finalmente, poderá voltar à disputa por grandes títulos.

O Maluco.