quarta-feira, 8 de maio de 2013

A importância econômica do sócio-torcedor

Até poucos anos atrás o poderio econômico dos programas de sócio-torcedor era ignorado no Brasil. Com raríssimas exceções, os planos eram mal feitos, dando poucos benefícios e cobrando caro em contrapartida. Mas hoje, com os resultados obtidos por planos bem sucedidos como o pioneiro programa do Internacional, que conta com mais de 70.000 associados, tem ficado mais clara a importância que este “produto” pode ganhar na saúde financeira dos clubes. No caso do Palmeiras, apenas na gestão Beluzzo acordamos para este cenário, e somente na atual gestão o programa começa a ganhar contornos mais maduros e a ter a atenção devida. O tema veio à tona neste post por duas razões: primeiro porque muitos estão reclamando da pré-venda de 1 semana dos ingressos para a partida contra o Tijuana; segundo, porque ontem o site da ESPN divulgou um crescimento expressivo do Avanti, que ultrapassou a marca de 17.000 torcedores (número ainda pequeno perto do que se espera), tomando o 8° lugar do Fluminense entre os planos mais bem sucedidos do país.

Subestima-se a importância do sócio-torcedor porque, se analisado superficialmente, parece de menor importância para as finanças e estratégias de crescimento do clube. Trata-se apenas de uma mensalidade que varia de R$ 19,90 a R$ 139,90 (no Palmeiras), irrisória diante das cifras do futebol moderno.

É fácil nesta olhada rápida nos valores esquecer-se das proporções que estes planos tomam quando bem alicerçados. Se bem estruturados – ou seja, se vantajosos em termos de serviços oferecidos em função do valor cobrado - os planos sócio-torcedor conseguem ao mesmo tempo uma nova receita fixa pra o clube e aumento do público nos jogos. Para além disso, a relevância econômica destes programas está no agregado, que pode tomar proporções gigantescas. Pensei no seguinte exemplo, que deixa muito evidente esta questão:

Hoje o Palmeiras possui apenas 17.614 sócios-torcedores. Digo “apenas” 17.614 porque em planos bem sucedidos da Europa este número ultrapassa a casa dos 200.000 torcedores – guarde este número! Pois bem, se hipoteticamente imaginarmos que todos estes sócios-torcedores do Palmeiras possuem o plano mais barato (R$ 19,90 por mês), o clube estaria arrecadando por ano aproximadamente R$ 4,2 milhões reais. Se formos realistas na projeção e supusermos que há uma parcela bem considerável que possui o plano intermediário (R$ 69,90) e por volta de 10% possuem o plano máster (R$ 139,90), podemos estimar que com este programa de sócio-torcedor em estágio inicial de desenvolvimento o Palmeiras arrecada por ano algo em torno de 8 a 10 milhões de reais. Isso, repito, com um plano ainda em estágio embrionário, comparado ao tamanho da torcida alviverde (mais de 15 milhões de torcedores).

Retornemos então para o caso dos programas bem sucedidos da Europa, com mais de 200.000 associados. Se tivéssemos apenas metade deste sucesso, com 100.000 torcedores assinando o plano básico de R$ 19,90, estaríamos arrecadando anualmente 23.880.000 reais! Com perspectivas menos humildes, levando-se em conta que boa parte escolheria o plano intermediário, certamente teríamos uma arrecadação anual que ultrapassaria os 40 milhões de reais.

O que estes números gigantescos significam? Entre outras coisas que programas de sócio-torcedor bem construídos possuem relevância econômica para os clubes maior do que seus patrocinadores de camisa, que hoje são, depois das cotas de televisão, a maior fonte de renda. As camisas mais bem pagas no Brasil tem arrecadação anual na casa dos 40 a 50 milhões de reais. Ou seja, o futuro dos clubes encontra-se nas mãos dos torcedores. Aqueles que conseguirem fidelizar essa massa estarão prosperando nos próximos anos, os que não conseguirem ficarão para trás, indiscutivelmente. Até porque, junto com a magnitude dos programas (número de associados), vem a capacidade de barganha por valores mais elevados de patrocinadores, que terão na mesa os números comprovando a fidelidade do público daquele clube.

Portanto o Palmeiras está certo em oferecer cada vez mais vantagens para o associado, incluindo aí compra massiva de ingressos com antecedência, forçando os não associados a quererem se associar. Mas é preciso oferecer ainda mais. Se quisermos chegar à casa dos mais de 200.000 associados, levando a rendas anuais de mais de 100 milhões de reais, será preciso principalmente dar direito de voto a esse torcedor, o que indubitavelmente alavancaria o número de adesões em caráter exponencial.

É preciso trabalhar rápido e com competência. Estamos largando atrás nesta corrida. A gestão passada não fez quase nada para melhorar os serviços e a divulgação do programa. Mesmo assim ainda há tempo para correr atrás do prejuízo causado por essa cochilada. É importante aumentar os benefício dos planos, mas é também importante que a torcida palmeirense se conscientize do importante papel que possui neste momento.
Associe-se!

O Maluco.

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