Todos aqueles que, como eu, não acreditavam mais na possibilidade
da chegada de um pacotão de reforços, nossa única chance de não começarmos 2014
contando apenas com a sorte, se surpreenderam. Eis que começamos a
pré-temporada com avassaladores 8 contratações quase simultâneas, esperando
ainda receber ao menos mais três atletas: os meias Bruno César e Marquinhos
Gabriel, e um atacante – diz-se que pode ser o ex-ponte pretano Danilo Neco
(segundo alguns jornalistas, um bom atacante, pouco conhecido porque saiu
direto da Ponte Preta, clube que o revelou, para jogar no longínquo futebol
russo).
Se os resultados esperados virão dependerá de muitos outros
fatores ao longo da temporada, mas desde já é preciso reconhecer que Brunoro
foi muito habilidoso ao conseguir arranjar tantas contratações, justamente no
momentos em que todos os clubes começam a dar sinais de que estão também com
caixas bem ralos para fazer qualquer tipo de investimento, tanto que ninguém
está conseguindo contratar. Claro que há sempre alguns mais loucos que aceitam
fazer qualquer coisa sem saber no que vai dar. O Santos repete hoje o que o
Grêmio fez no ano passado. Pagará mais de 40 milhões por Leandro Damião, que
não mostra um futebol digno de metade desse valor há mais de 1 ano. O clube
ainda quer Vargas, e já paga salários um tanto gordos para jogadores como
Montillo, Arouca e Thiago Ribeiro. O Grêmio está hoje mostrando quais os frutos
destes gastos desmedidos. Conseguiram a vaga na Libertadores, mas agora
precisam rachar os salários de suas “estrelas” para que elas joguem em outros
clubes. Situação trágica. Dentro deste tipo de “planejamento” o Grêmio não só
deverá jogar fora sua classificação para o torneio continental, como provavelmente
travará uma luta encarniçada na zona inferior da tabela no Campeonato Brasileiro.
Do lado oposto temos o exemplo do Cruzeiro, que foi campeão
brasileiro com um time sem estrelas, mas montado com inteligência. Mantiveram a
base da equipe de 2012 e foram atrás de atletas que, sejamos francos, são apenas
razoáveis, e por isso estavam mais acessíveis no mercado. Um conjunto de peças
razoáveis para todas as posições, entretanto, resulta numa equipe muito
equilibrada, podendo dar um bom caldo e, não menos importante do que tudo isso, sustentável
financeiramente, garantindo que o time não será campeão em um ano e rebaixado
no seguinte.
Com as contratações que fizemos, com exceção da lateral
direita e do centroavante, estamos com um elenco recheado de boas opções. Não há
nenhum craque, tanto que Valdívia, ao menos em teoria, continua sendo a grande
estrela desse time. Porém, é extremamente competitivo, porque tem atletas nota
7 para quase todas as posições, não deixando pontos fracos, buracos abertos que
tornam-se o calcanhar de Aquiles da equipe.
Dito isto, só posso ser totalmente contrário a alguns posts
que li na Mídia Palestrina, nos quais se “exige” que a diretoria contrate “grandes
estrelas” porque “estamos falando de Palmeiras”. Estas palavras são bonitas,
mas com uma dose de racionalidade mostram-se vazias, inconsequentes e, pior de
tudo, sem nenhuma garantia de sucesso.
Comecemos analisando quem seriam as “estrelas” que poderiam
ser contratadas. Ronaldinho Gaúcho? Leandro Damião? Vargas? As “estrelas”
acessíveis aos clubes brasileiros, fica cada dia mais claro, são apenas atletas
inflacionados pela escassez do mercado. Jogadores que, em relação aos nota 7
que estamos contratando, são apenas nota 7,5, no máximo 8 no caso das “estrelas
cadentes”, mas com um salário de três a quatro vezes maior do que os jogadores “nota
7”. Isto significa que, para tê-los na equipe, seria necessário sacrificar
outras posições, dando origem a um time desbalanceado, fraco em vários setores.
Com o perdão da repetição do mau exemplo, um time como o Grêmio de 2013. Isso
sem contar as dívidas desnecessariamente acumuladas, a serem pagas no ano
seguinte.
Pergunto, é essa a solução? Porque é isto o que está
implícito na frase “precisamos de estrelas porque aqui é Palmeiras”. Se as
estrelas fossem Messi, Cristiano Ronaldo, ou Suarez, certamente o sacrifício seria
válido, mas os únicos ao alcance dos clubes brasileiros são atletas de salário
inflacionado e com pouca vantagem técnica dentro de campo.
É importante que todo torcedor faça uma reflexão sobre qual o real significado desse tipo cobrança e quais resultados de fato podem
ser esperados a partir dela, diante do que é hoje o futebol brasileiro. Futebol é sim paixão, mas para dirigir um clube, ao contrário do que muitos tem tentado pregar, é preciso ser racional, pois contratar a qualquer custo, no impulso, pode até levar a conquistas pontuais, mas certamente conduz muito mais a vexames nas temporadas seguintes. Nossas últimas administrações estão ai para comprovar isto, sem tirar nem por!
Na
opinião deste blogueiro, precisávamos sim de vários reforços de qualidade para
formar um elenco robusto, com qualidade em todos os setores. Hoje estamos quase
lá! Em 2014, Kleina não poderá mais colocar a culpa por eventuais resultados
ruins na falta de opções em seu elenco. Para se ter uma noção, na zaga Kleina
terá à disposição (para citar apenas os candidatos à titularidade) Henrique,
Lúcio e Victorino, três zagueiros de seleção! De volantes temos Eguren e Wesley como titulares, e França e Wendel na reserva. Na meia, em se confirmando as
prováveis contratações, serão Valdívia, Mendieta, Bruno César, Patrick Vieira e
Marquinhos Gabriel. No ataque Alan Kardec, Leandro, Diogo e Serginho (mais um reserva para Kardec, a ser contratado). Na lateral esquerda temos William Matheus, o melhor em sua posição em 2013.
Esse elenco ainda é insuficiente para, se bem montado (papel de
Gilson Kleina), lutar pelos títulos? Ainda é preciso
pagar um salário de 1 milhão de reais para que um ex-grande atleta dê “credibilidade”
a esse time?
Não, senhores. Admitamos, agora estamos no caminho certo.
Que venha 2014!
O Maluco.
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