sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O "pacotão de 2014" e as críticas vazias

Todos aqueles que, como eu, não acreditavam mais na possibilidade da chegada de um pacotão de reforços, nossa única chance de não começarmos 2014 contando apenas com a sorte, se surpreenderam. Eis que começamos a pré-temporada com avassaladores 8 contratações quase simultâneas, esperando ainda receber ao menos mais três atletas: os meias Bruno César e Marquinhos Gabriel, e um atacante – diz-se que pode ser o ex-ponte pretano Danilo Neco (segundo alguns jornalistas, um bom atacante, pouco conhecido porque saiu direto da Ponte Preta, clube que o revelou, para jogar no longínquo futebol russo).

Se os resultados esperados virão dependerá de muitos outros fatores ao longo da temporada, mas desde já é preciso reconhecer que Brunoro foi muito habilidoso ao conseguir arranjar tantas contratações, justamente no momentos em que todos os clubes começam a dar sinais de que estão também com caixas bem ralos para fazer qualquer tipo de investimento, tanto que ninguém está conseguindo contratar. Claro que há sempre alguns mais loucos que aceitam fazer qualquer coisa sem saber no que vai dar. O Santos repete hoje o que o Grêmio fez no ano passado. Pagará mais de 40 milhões por Leandro Damião, que não mostra um futebol digno de metade desse valor há mais de 1 ano. O clube ainda quer Vargas, e já paga salários um tanto gordos para jogadores como Montillo, Arouca e Thiago Ribeiro. O Grêmio está hoje mostrando quais os frutos destes gastos desmedidos. Conseguiram a vaga na Libertadores, mas agora precisam rachar os salários de suas “estrelas” para que elas joguem em outros clubes. Situação trágica. Dentro deste tipo de “planejamento” o Grêmio não só deverá jogar fora sua classificação para o torneio continental, como provavelmente travará uma luta encarniçada na zona inferior da tabela no Campeonato Brasileiro.

Do lado oposto temos o exemplo do Cruzeiro, que foi campeão brasileiro com um time sem estrelas, mas montado com inteligência. Mantiveram a base da equipe de 2012 e foram atrás de atletas que, sejamos francos, são apenas razoáveis, e por isso estavam mais acessíveis no mercado. Um conjunto de peças razoáveis para todas as posições, entretanto, resulta numa equipe muito equilibrada, podendo dar um bom caldo e, não menos importante do que tudo isso, sustentável financeiramente, garantindo que o time não será campeão em um ano e rebaixado no seguinte.

Com as contratações que fizemos, com exceção da lateral direita e do centroavante, estamos com um elenco recheado de boas opções. Não há nenhum craque, tanto que Valdívia, ao menos em teoria, continua sendo a grande estrela desse time. Porém, é extremamente competitivo, porque tem atletas nota 7 para quase todas as posições, não deixando pontos fracos, buracos abertos que tornam-se o calcanhar de Aquiles da equipe.

Dito isto, só posso ser totalmente contrário a alguns posts que li na Mídia Palestrina, nos quais se “exige” que a diretoria contrate “grandes estrelas” porque “estamos falando de Palmeiras”. Estas palavras são bonitas, mas com uma dose de racionalidade mostram-se vazias, inconsequentes e, pior de tudo, sem nenhuma garantia de sucesso.

Comecemos analisando quem seriam as “estrelas” que poderiam ser contratadas. Ronaldinho Gaúcho? Leandro Damião? Vargas? As “estrelas” acessíveis aos clubes brasileiros, fica cada dia mais claro, são apenas atletas inflacionados pela escassez do mercado. Jogadores que, em relação aos nota 7 que estamos contratando, são apenas nota 7,5, no máximo 8 no caso das “estrelas cadentes”, mas com um salário de três a quatro vezes maior do que os jogadores “nota 7”. Isto significa que, para tê-los na equipe, seria necessário sacrificar outras posições, dando origem a um time desbalanceado, fraco em vários setores. Com o perdão da repetição do mau exemplo, um time como o Grêmio de 2013. Isso sem contar as dívidas desnecessariamente acumuladas, a serem pagas no ano seguinte.

Pergunto, é essa a solução? Porque é isto o que está implícito na frase “precisamos de estrelas porque aqui é Palmeiras”. Se as estrelas fossem Messi, Cristiano Ronaldo, ou Suarez, certamente o sacrifício seria válido, mas os únicos ao alcance dos clubes brasileiros são atletas de salário inflacionado e com pouca vantagem técnica dentro de campo.

É importante que todo torcedor faça uma reflexão sobre qual o real significado desse tipo cobrança e quais resultados de fato podem ser esperados a partir dela, diante do que é hoje o futebol brasileiro. Futebol é sim paixão, mas para dirigir um clube, ao contrário do que muitos tem tentado pregar, é preciso ser racional, pois contratar a qualquer custo, no impulso, pode até levar a conquistas pontuais, mas certamente conduz muito mais a vexames nas temporadas seguintes. Nossas últimas administrações estão ai para comprovar isto, sem tirar nem por!

Na opinião deste blogueiro, precisávamos sim de vários reforços de qualidade para formar um elenco robusto, com qualidade em todos os setores. Hoje estamos quase lá! Em 2014, Kleina não poderá mais colocar a culpa por eventuais resultados ruins na falta de opções em seu elenco. Para se ter uma noção, na zaga Kleina terá à disposição (para citar apenas os candidatos à titularidade) Henrique, Lúcio e Victorino, três zagueiros de seleção! De volantes temos Eguren e Wesley como titulares, e França e Wendel na reserva. Na meia, em se confirmando as prováveis contratações, serão Valdívia, Mendieta, Bruno César, Patrick Vieira e Marquinhos Gabriel. No ataque Alan Kardec, Leandro, Diogo e Serginho (mais um reserva para Kardec, a ser contratado). Na lateral esquerda temos William Matheus, o melhor em sua posição em 2013.

Esse elenco ainda é insuficiente para, se bem montado (papel de Gilson Kleina), lutar pelos títulos? Ainda é preciso pagar um salário de 1 milhão de reais para que um ex-grande atleta dê “credibilidade” a esse time?

Não, senhores. Admitamos, agora estamos no caminho certo.
Que venha 2014!

O Maluco.

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