É fato que o Palmeiras não tem dinheiro em caixa e está com dificuldade de fechar as contas, mesmo com o corte de altos salários (Assunção, Luan, e mais uns 20 que foram dispensados ainda em 2012). Salários estão atrasados, há dívidas a serem pagas (entre elas a própria compra de Barcos junto à LDU), e, graças à nefasta gestão de Tirone, temos um elenco ridiculamente pequeno, que além da baixa qualidade que nos levou ao rebaixamento, não oferece praticamente nenhuma opção de variação tática para Gilson Kleina.
Ao cenário macabro acima mencionado, soma-se o fato de que apenas palmeirenses muito delirantes conseguem acreditar que seja possível disputar a Libertadores neste ano. Francamente, hoje teríamos sim dificuldades para subir de volta à primeira divisão, e por mais que tal meta seja vergonhosa para nós, temos de atentar e muito para ela, mais uma vez, graças a Tirone e tantos outros que por lá passaram antes e junto com ele. É impensável no ano de nosso centenário jogarmos na segunda divisão, portanto, todo esforço deve ser feito para que nenhum erro grotesco seja cometido neste sentido.
Levando-se tudo isso em conta, a venda de Barcos por cerca de 4 milhões de reais + Rondinelly + Vilson + Leandro + Marcelo Moreno + Leo Gago + salários e dívidas pendentes com Barcos quitados = um bom negócio. Bom negócio porque não adianta ter um craque se ele não estiver acompanhado de um elenco ao menos equilibrado. Como palmeirenses, só conseguimos pensar que o correto seria montar esse elenco de alto nível e manter Barcos. Seria mesmo, mas nisso nos esquecemos de que a conta tem que ser paga. Neste negócio temos a chance de ainda no primeiro semestre estabelecer um elenco muito equilibrado (nada muito grandioso, mas que pode até ir longe no Campeonato Paulista), e que poderá, pouco a pouco, com o incêndio financeiro acalmado, ser fortalecido, trazendo peças de grande destaque para cada posição, para em 2014 conseguir de fato disputar todas as competições em que entrar. Já Barcos, como estrela solitária, mal estava recebendo a bola lá na frente. Era capaz até mesmo de acabar queimado com a torcida, por não mais conseguir fazer tantos gols.
A única pulga atrás da orelha na negociação fica por conta de quem serão os jogadores envolvidos na troca. Barcos já é oficialmente do Grêmio, mas dos jogadores oferecidos em troca, o principal deles, o atacante Marcelo Moreno, diz que não vem. Neste caso, nem Marco António faz o negócio continuar sendo vantajoso para nós. Trocaremos um craque por uma soma de apostas e mais 4 milhões de reais. Moreno não tem a categoria de Barcos, mas é muito bom atacante, e somado às demais apostas formaria um bom negócio, tanto compondo elenco, quanto mantendo qualificação no ataque. A conferir este desfecho para dizer se fizemos mesmo bom negócio.
Observando o cenário atual, e considerando que os jogadores prometidos na troca realmente venham, a conclusão que podemos tirar deste evento é clara: Brunoro e Nobre não estão afim de tapar o sol com a peneira, fingindo que ainda temos chances de montar um time forte para a Libertadores. Prova disso é que, dos envolvidos na troca, apenas Vilson poderia ser inscrito para jogar o torneio, uma vez que os demais já jogaram pelo Grêmio. Vamos de time B para a competição continental, colocando-a em segundo plano efetivamente (visto que na teoria ela já está fora de cogitação), em prol da formação gradual de um elenco para 2014. Nós, torcedores, não podemos nos deixar levar pela emoção da perda de um craque, nem de estarmos abrindo mão de nosso principal torneio. O time hoje ainda é terrível, e a manutenção de Barcos, junto com o endividamento descomunal para trazer outros craques neste momento não nos levaria ao título, pois não haveria tempo hábil para entrosamento, e ainda nos afundaria em uma crise dificílima de ser contornada, com salários muito atrasados, ciúmes de jogadores com disparidades abissais dentro do elenco, e outros absurdos que levam a vexames, rebaixamentos, e um ciclo vicioso com o qual acabamos nos habituando.
A negociação de Barcos foi uma medida de muita coragem e responsabilidade de Nobre e Brunoro, que já avisaram que estão fazendo um trabalho de longo prazo. O caminho é correto, e é o que sempre desejamos. Agora que está sendo feito, não podemos perder a paciência e pedir a volta do ruim-e-caro, ou do péssimo-e-barato. Brunoro, com toda a competência que já esperávamos dele, está sendo capaz de, sem colocar a mão no bolso, formar um elenco digno, dando a tranquilidade que não tínhamos para 2013.
Estamos em um bom rumo, cabe agora sermos tão racionais como nossos dirigentes, e termos paciência para neste momento apenas apoiar.
O Maluco.
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