segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Reconstrução: estaremos juntos e de cabeça erguida


Se já esperávamos há semanas pela Série B, isso não fez com que a queda fosse menos dolorosa. Mas abaixar a cabeça e lamentar a desgraça não é o melhor que sabemos e que podemos fazer agora. Enquanto paramos para nos lamentar, tempo está sendo perdido para reconstrução de nosso tão maltratado Palmeiras.

A queda já era iminente, e veio de maneira incontestável. Passamos praticamente todas as rodadas do campeonato dentro da zona de rebaixamento, e todo o segundo turno na mesma posição. Não conseguimos ganhar mais do que 2 partidas em sequência, e esta “sequência” só aconteceu uma vez. Fizemos, de fato, uma campanha para sermos rebaixados. E ainda que muitos jogadores tenham dado o sangue para não cairmos, a realidade é que a maior parte deles jamais teve qualidade técnica para vestir esta camisa.

Dedico apenas o parágrafo acima para as lamentações, agora é hora de reconstrução. A torcida, longe de dever se conformar, também não deve de maneira alguma desanimar, muito menos pensar em abandonar o time até que ele volte a se comportar como o gigante que é. Quem fizer isso estará chutando o balde de vez.

Daqui uma semana teremos mais um jogo, contra o CAG no Pacaembu. A partida não vale absolutamente nada, e estaremos lá provavelmente apenas para fazer nossas manifestações públicas. Mas neste jogo está a primeira oportunidade para a torcida mostrar quem somos nós e quem são “Eles”, que nos levaram para o buraco em que nos encontramos. Vamos protestar, mas não podemos deixar de pensar que há elementos que merecem ser preservados na reconstrução do clube. A começar por alguns poucos jogadores: Barcos, Wesley e Henrique (e Assunção, claro, se tiver condições). São jogadores de muita qualidade, os únicos na verdade, que precisam ficar, e para ficarem, tem de receber o carinho que merecem da torcida. Temos um papel importante neste momento para a permanência, e mais ainda, para a vinda de jogadores de alto nível, que não vão topar vir jogar para serem ameaçados se as coisas derem errado.

Segundo ponto em relação a este jogo: é uma oportunidade épica de demonstrar toda a força da SEP. Com o time já rebaixado e no momento em que todos esperam que a torcida esteja virando suas costas para a equipe, podemos lotar o Pacaembu com 30.000 pessoas, e cantar nossa grandeza, honrando nossa história e clamando pela honra de nossa camisa. Eu estarei lá. E que nossa diretoria não resolva passar a perna em todos nós, mandando a partida para Presidente Prudente.

Finalmente, a reconstrução. Ontem, logo após a partida e já praticamente rebaixado, Tirone deu entrevista à ESPN e disse que o Palmeiras começará, a partir de hoje, sua reconstrução. No sábado, uma carta aberta assinada pelos três candidatos à presidência do clube divulgava a intenção de união entre os grupos dos três, e que reuniões entre o presidente atual e os três candidatos serão realizadas constantemente, a fim de já iniciar o planejamento para o próximo mandato antes mesmo da posse do novo presidente. Por fim, o site oficial do clube divulgou ontem, logo após a queda, a mensagem que acompanha a imagem deste post, que remete muito ao lema do Liverpool, cantado em todos os jogos: “You’ll never walk alone” (para quem não conhece, veja o arrepiante vídeo no final do post).

O caminho é este, mas ainda em estágio embrionário. Esta reconstrução precisa virar um lema para nós, uma PRÁTICA para os dirigentes, e uma jogada de marketing para levantar as finanças e, mais ainda, reaproximar toda a massa de palmeirenses do time. Esta massa, ao contrário de nós, os mais fanáticos, que respiramos futebol todos os dias do ano, é composta por torcedores que viram as costas para o time se o time não lhes dá respostas; vira as costas, porque o clube há muito tempo também virou as costas para eles, pois há anos não atende às expectativas desta torcida no que diz respeito à gestão e montagem dos elencos. Nesta história, o Palmeiras perde torcida e perde completamente o poder de mercado para essa grande massa de 15 milhões de pessoas.

E, como não poderia deixar de ser, a reconstrução também passa, urgentemente, pelo elenco. À exceção dos jogadores acima citados, nenhum outro é indiscutivelmente digno de continuar vestindo a camisa alviverde. É preciso levar em conta que uma reconstrução pede renovação. Ainda que seja difícil praticamente começar um elenco novo do zero, é preciso fazê-lo o máximo possível. Os jogadores medianos para baixo neste elenco inspiram profundo rancor no palmeirense. Se quisermos ver a torcida acreditando novamente, é preciso ter um time renovado, com caras e principalmente QUALIDADE nova.
Chega de Valdívia, que não jogou nem 50% das partidas e custa milhões por ano ao clube, chega de Daniel Carvalho, outro que veio basicamente para conhecer nosso DM. Nome não entra em campo. Por outro lado, chega também, definitivamente, de trazer jogadores para fazerem número. Neste ano Tirone contratou 27 jogadores, para apenas 1/3 deles chegarem a servir para alguma coisa, e apenas dois (Barcos e Wesley) terem vindo para serem titulares. Estes números mostram quão mal planejadas tem sido nossas contratações, pois todos os anos os números são mais ou menos estes. Com o dinheiro de 10 destas contratações, poderia ter sido trazido outro jogador para ser titular, e não 10 para serem encostados e vistos nas baladas de São Paulo.

O que vimos (e já desconfiávamos) foi os jogadores que subiram da base darem de 10 a zero nas contratações que vieram “sem responsabilidade”, para fazer número. Portanto, a diretoria precisa passar a usar seu dinheiro para trazer quem venha para fazer a diferença, e deixar o restante para as categorias de base, que tem se mostrado muito melhor do que as contratações no mercado.
O Palmeiras já foi a Academia, de jogadores talentosos e qualidade que se tornou marca do time até a década de 70. É essa a marca que precisa ser reconstruída.

Quanto à comissão técnica, penso que Kleina não tem nenhuma parcela de culpa no rebaixamento. Em número frios, o time de fato subiu de produção na sua mão (e isso é um grande feito, levando-se em conta que já assumiu com a equipe indo pro buraco). Portanto, considero que sua permanência é saudável para o Palmeiras. Kleina já treinou bem a Ponte Preta na Série B, é um treinador que se mostra sério, comprometido com o trabalho que realiza, e barato. Não há porque trocá-lo por qualquer figurão, que será caro e não trará nenhuma garantia de sucesso. Até porque, na minha modesta opinião, o sucesso de um time passa muito mais pela estrutura, organização e qualidade do elenco, do que pelo treinador. Sabemos que ninguém faz milagres, mas que a competência produz bons frutos.

Por fim, espero que toda a torcida demonstre, neste momento de baixa, que está com o time, não importa o que aconteça. Que este seja, para nós, um momento de nos fortalecermos juntos. Mas espero também que finalmente a política no Palmeiras entre nos eixos, dando respostas positivas à enorme torcida. Creio que somos hoje a torcida mais politizada do país, devido ao grande interesse que todos desenvolveram no debate das diretas no clube. Agora esta politização deve ser intensificada em nossas cobranças, impulsionando a reconstrução que TEM que vir. Se essa reconstrução continuar sendo postergada para outra gestão, teremos que passar por esta vergonha novamente daqui alguns anos. 

O Maluco.


You'll never walk alone, final da Champions League de 2005, Liverpool x Milan. O time inglês precisava reverter em 45 minutos os 3 a 0 a favor do Milan. E conseguiu.

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