Se já esperávamos há semanas pela Série B, isso não fez com
que a queda fosse menos dolorosa. Mas abaixar a cabeça e lamentar a desgraça não
é o melhor que sabemos e que podemos fazer agora. Enquanto paramos para nos
lamentar, tempo está sendo perdido para reconstrução de nosso tão maltratado
Palmeiras.
A queda já era iminente, e veio de maneira incontestável.
Passamos praticamente todas as rodadas do campeonato dentro da zona de
rebaixamento, e todo o segundo turno na mesma posição. Não conseguimos ganhar
mais do que 2 partidas em sequência, e esta “sequência” só aconteceu uma vez. Fizemos,
de fato, uma campanha para sermos rebaixados. E ainda que muitos jogadores
tenham dado o sangue para não cairmos, a realidade é que a maior parte deles
jamais teve qualidade técnica para vestir esta camisa.
Dedico apenas o parágrafo acima para as lamentações, agora é
hora de reconstrução. A torcida, longe de dever se conformar, também não deve
de maneira alguma desanimar, muito menos pensar em abandonar o time até que ele
volte a se comportar como o gigante que é. Quem fizer isso estará chutando o
balde de vez.
Daqui uma semana teremos mais um jogo, contra o CAG no
Pacaembu. A partida não vale absolutamente nada, e estaremos lá provavelmente
apenas para fazer nossas manifestações públicas. Mas neste jogo está a primeira
oportunidade para a torcida mostrar quem somos nós e quem são “Eles”, que nos
levaram para o buraco em que nos encontramos. Vamos protestar, mas não podemos
deixar de pensar que há elementos que merecem ser preservados na reconstrução
do clube. A começar por alguns poucos jogadores: Barcos, Wesley e Henrique (e
Assunção, claro, se tiver condições). São jogadores de muita qualidade, os
únicos na verdade, que precisam ficar, e para ficarem, tem de receber o carinho
que merecem da torcida. Temos um papel importante neste momento para a
permanência, e mais ainda, para a vinda de jogadores de alto nível, que não vão
topar vir jogar para serem ameaçados se as coisas derem errado.
Segundo ponto em relação a este jogo: é uma oportunidade épica
de demonstrar toda a força da SEP. Com o time já rebaixado e no momento em que
todos esperam que a torcida esteja virando suas costas para a equipe, podemos
lotar o Pacaembu com 30.000 pessoas, e cantar nossa grandeza, honrando nossa
história e clamando pela honra de nossa camisa. Eu estarei lá. E que nossa
diretoria não resolva passar a perna em todos nós, mandando a partida para
Presidente Prudente.
Finalmente, a reconstrução. Ontem, logo após a partida e já
praticamente rebaixado, Tirone deu entrevista à ESPN e disse que o Palmeiras
começará, a partir de hoje, sua reconstrução. No sábado, uma carta aberta assinada pelos três
candidatos à presidência do clube divulgava a intenção de união entre os grupos
dos três, e que reuniões entre o presidente atual e os três candidatos serão
realizadas constantemente, a fim de já iniciar o planejamento para o próximo
mandato antes mesmo da posse do novo presidente. Por fim, o site oficial do
clube divulgou ontem, logo após a queda, a mensagem que acompanha a imagem deste post, que remete muito ao lema
do Liverpool, cantado em todos os jogos: “You’ll never walk alone” (para quem não conhece, veja o arrepiante vídeo no final do post).
O caminho é este, mas ainda em estágio embrionário. Esta
reconstrução precisa virar um lema para nós, uma PRÁTICA para os dirigentes, e
uma jogada de marketing para levantar as finanças e, mais ainda, reaproximar
toda a massa de palmeirenses do time. Esta massa, ao contrário de nós, os mais
fanáticos, que respiramos futebol todos os dias do ano, é composta por
torcedores que viram as costas para o time se o time não lhes dá respostas;
vira as costas, porque o clube há muito tempo também virou as costas para eles,
pois há anos não atende às expectativas desta torcida no que diz respeito à
gestão e montagem dos elencos. Nesta história, o Palmeiras perde torcida e
perde completamente o poder de mercado para essa grande massa de 15 milhões de
pessoas.
E, como não poderia deixar de ser, a reconstrução também
passa, urgentemente, pelo elenco. À exceção dos jogadores acima citados, nenhum
outro é indiscutivelmente digno de continuar vestindo a camisa alviverde. É
preciso levar em conta que uma reconstrução pede renovação. Ainda que seja
difícil praticamente começar um elenco novo do zero, é preciso fazê-lo o máximo
possível. Os jogadores medianos para baixo neste elenco inspiram profundo
rancor no palmeirense. Se quisermos ver a torcida acreditando novamente, é
preciso ter um time renovado, com caras e principalmente QUALIDADE nova.
Chega de Valdívia, que não jogou nem 50% das partidas e
custa milhões por ano ao clube, chega de Daniel Carvalho, outro que veio
basicamente para conhecer nosso DM. Nome não entra em campo. Por outro lado,
chega também, definitivamente, de trazer jogadores para fazerem número. Neste
ano Tirone contratou 27 jogadores, para apenas 1/3 deles chegarem a servir para
alguma coisa, e apenas dois (Barcos e Wesley) terem vindo para serem titulares.
Estes números mostram quão mal planejadas tem sido nossas contratações, pois
todos os anos os números são mais ou menos estes. Com o dinheiro de 10 destas
contratações, poderia ter sido trazido outro jogador para ser titular, e não 10
para serem encostados e vistos nas baladas de São Paulo.
O que vimos (e já desconfiávamos) foi os jogadores que
subiram da base darem de 10 a zero nas contratações que vieram “sem
responsabilidade”, para fazer número. Portanto, a diretoria precisa passar a
usar seu dinheiro para trazer quem venha para fazer a diferença, e deixar o
restante para as categorias de base, que tem se mostrado muito melhor do que
as contratações no mercado.
O Palmeiras já foi a Academia, de jogadores talentosos e
qualidade que se tornou marca do time até a década de 70. É essa a marca que precisa
ser reconstruída.
Quanto à comissão técnica, penso que Kleina não tem nenhuma
parcela de culpa no rebaixamento. Em número frios, o time de fato subiu de
produção na sua mão (e isso é um grande feito, levando-se em conta que já assumiu com a equipe indo pro buraco). Portanto, considero que sua permanência é
saudável para o Palmeiras. Kleina já treinou bem a Ponte Preta na Série B, é um
treinador que se mostra sério, comprometido com o trabalho que realiza, e
barato. Não há porque trocá-lo por qualquer figurão, que será caro e não trará
nenhuma garantia de sucesso. Até porque, na minha modesta opinião, o sucesso de um
time passa muito mais pela estrutura, organização e qualidade do elenco, do que
pelo treinador. Sabemos que ninguém faz milagres, mas que a competência produz
bons frutos.
Por fim, espero que toda a torcida demonstre, neste momento
de baixa, que está com o time, não importa o que aconteça. Que este seja, para
nós, um momento de nos fortalecermos juntos. Mas espero também que finalmente a
política no Palmeiras entre nos eixos, dando respostas positivas à enorme
torcida. Creio que somos hoje a torcida mais politizada do país, devido ao
grande interesse que todos desenvolveram no debate das diretas no clube. Agora
esta politização deve ser intensificada em nossas cobranças, impulsionando a
reconstrução que TEM que vir. Se essa reconstrução continuar sendo postergada
para outra gestão, teremos que passar por esta vergonha novamente daqui alguns
anos.
O Maluco.
You'll never walk alone, final da Champions League de 2005, Liverpool x Milan. O time inglês precisava reverter em 45 minutos os 3 a 0 a favor do Milan. E conseguiu.

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