Procurando fugir do lugar comum que seria falar da doída derrota contra um arrogante Corinthians, que vem ficando mal acostumado pelo seu bom momento, prefiri propor uma reflexão a respeito dos rumos que a SEP esta traçando para si mesma, cujos efeitos perversos são sentidos a cada derrota amarga como a de hoje.
Após a partida, na rádio Estadão ESPN, o jornalista Paulo Vinícius Coelho comentava sobre o desespero da diretoria para encontrar com urgência um novo técnico. Todas as primeiras opções já naufragaram, restando tentar o que sobrou. Nisto, PVC lembrou que durante esta semana a La U, equipe dirigida por Jorge Sampaoli, treinará na academia do Palmeiras. Para quem não acompanhou a La U nos últimos dois anos, basta salientar que vem sendo considerada a sensação do futebol sul-americano, graças a um esquema de jogo muito bem montado por seu treinador. Por que então, questionou PVC, o Palmeiras não aproveita para marcar uma reunião (em segredo) com Sampaoli para tentar trazê-lo? Seria um excelente nome. Porém, lembrou o jornalista, para seduzir um profissional estrangeiro a mudar de país para dirigir uma equipe, é preciso apresentar a ele motivos para embarcar nesta empreitada, convencendo-o com projetos de que o clube tem muito a lhe oferecer e é bom para se trabalhar.
É aqui que me detenho na reflexão de PVC. Que projeto teria o Palmeiras para apresentar a um treinador? Qual é o planejamento que está sendo feito? Quais são as metas para o clube tanto em termos de resultados em campo, como financeiros, de expansão da marca, etc? Enfim, quais são nossas estratégias para o médio e longo prazo?
Nenhuma.
O questionamento do PVC a respeito do que o Palmeiras poderia apresentar a Sampaoli escancara o fato de que o clube tem como única esperança de dias melhores a Nova Arena, a qual, para nossa sorte, é gerida por terceiros, os quais, devo dizer, fazem um trabalho fantástico, em breve contando até mesmo com produtos exclusivos da Nova Arena. Haverá uma loja baseada exclusivamente no estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras!
Enquanto isso, a gestão do clube não foi nem capaz de tentar formar um perfil do torcedor palmeirense, como fizeram nossos rivais gambás quando foram rebaixados, voltando da série B com um fôlego financeiro impressionante, que vem impulsionando fortemente o time deles.
Não há planejamento algum em nenhuma área. Por exemplo, até hoje não se sabe se o enfoque do clube para montagem do time será nas categorias de base, em contratações inteligentes de promessas, ou em grandes parcerias para trazer um ou outro craque de importância não só técnica, mas midiática. Não há também negociações profissionais com a imprensa (leia-se Rede Globo), para expansão da marca Palmeiras e defesa de nossos interesses de exibição, como um dos maiores clubes do mundo que somos.
Por fim, não há sequer o mínimo: planejamento de um departamento técnico. Felipão foi demitido no impulso, apesar de há 2 meses estar colecionando péssimos resultados. Tendo todo o tempo para escolher e negociar com outro profissional para substituí-lo assim que fosse feita a demissão, a diretoria esperou passivamente, e agora nem mesmo um técnico escolhido de forma inteligente teremos. A demissão impulsiva, não planejada, deixou nossos dirigentes com o pires na mão, implorando para que agora alguém tope jogar tudo para cima e vir segurar o rojão.
Num dos momentos mais agonizantes da história da SEP, o fracasso tem nome(s) e sobrenome(s). Dirigentes que se recusaram a profissionalizar ao menos o departamento de futebol, hoje estão penando, porque acharam que eram capazes de fazer algo de uma complexidade que nunca tiveram noção do que seria. Não sabem fazer negócios, gerir o time, controlar crises, nem se comunicar com o público. Por que diabos então resolveram se candidatar à direção do clube?
Esta coluna serve para o palmeirense procurar, mais do que xingar e amaldiçoar o péssimo momento, refletir sobre o que nos trouxe até aqui. Uma eventual queda dói muito, mas o que é pior é cair e, NOVAMENTE, não corrigir TODOS os erros para se levantar e dar a volta por cima definitivamente. A SEP, com seus milhões de torcedores, possui um potencial gigantesco, que é desperdiçado, ano após ano, pela falta de profissionalismo na gestão da instituição.
Caindo ou não, já passou da hora de começar a capitalizar esse potencial, alavancar o clube, realizar um projeto de crescimento, colocar profissionais para fazer a interface com imprensa e parceiros comerciais, arranjando negócios de maneira mercadológica de fato, e não mais ao acaso. É preciso identificar estes potenciais com clareza para explorá-los, e apenas profissionais em comunicação estão aptos para fazê-lo.
Apenas o fim do amadorismo na gestão do clube colocará um ponto final nos fiascos e recolocará o Palmeiras na rota das vitórias e do crescimento. O momento, mais do que para se lamentar, é para se repensar com ainda mais intensidade o que está sendo feito por estes senhores, com uma instituição gigante. Que o momento sirva, acima de tudo, como um catalizador das mudanças que estão em curso, mas continuam a ser postergadas por aqueles que há décadas apenas nos puxam para o abismo.
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