O jogo, como era de se esperar, não foi fácil. A chuva que castigou a cidade desde o início da tarde e apertou ao longo da partida deu contornos ainda mais dramáticos à nervosa decisão da semifinal. Poças no gramado tornavam o jogo tenso. Uma bola parada numa poça poderia significar um gol bobo para o adversário, ou a perda de um tento fácil para nós. Para o goleiro, pior ainda. Tensão a cada chute de longa distância, a cada cabeceio. Porém, a partida foi muito bem conduzida por nossos defensores, que cresceram demais na reta final da competição, principalmente com a volta de Thiago Heleno e o novo posicionamento de Henrique à frente da zaga. Bola pra dentro da área não tinha vez, era bico pro mato porque o jogo definia o finalista do campeonato! E quando falhas como escorregões de um zaguerio aconteciam, a entrega do time se mostrava por completo, como na travada precisa e heroica de Artur na bola que sobrou para Judas, sozinho no meio da área marcar, já no final do primeiro tempo.
Se a defesa dava show mais uma vez, o ataque não tinha tanta facilidade. A bola queimou nos pés de nossos jogadores ofensivos durante todo o primeiro tempo e início do segundo. Poucos ataques foram armados, e havia muita ligação direta entre defesa e ataque, o que todos sabem que raras vezes dá em coisa boa. A bola batia e voltava.
Fomos para o intervalo com o resultado jogando a nosso favor, a partida de ida dando a tranquilidade necessária para administrar na segunda etapa. O Grêmio, ainda mais desesperado, foi com tudo pra cima. Judas distribuindo cotoveladas, Gilverto Silva dando soladas e entradas duríssimas, tudo com a conivência do árbitro. E o Palmeiras, mais do que nunca, só rebatendo as bolas cruzadas por cima ou por baixo para o meio da área.
Foi numa destas bolas, em falta no ataque gremistas, que saiu o gol. Bruno rebateu a bola que tentou encaixar, e Fernando botou pra dentro. Foi falha de Bruno, mas acontece. É um risco quando se joga num campo tão escorregadio e com a bola encharcada. Poderia ter tentado rebater pra longe ao invés de encaixar? Talvez. Mas era uma bola complicada, o que importa é que não comprometeu o jogo.
Valdívia havia acabado de entrar no lugar de D. Carvalho, aos 15 minutos, pouco antes do gol. Com 0a1, o alviverde foi imponente, não se abateu como temíamos que pudesse acontecer, e resolveu ir para cima, encurralar o time gaúcho, ainda que o placar nos classificasse. E assim como no jogo de ida, foi só buscarmos com mais ímpeto o gol que ele saiu. Em bela descida de Juninho, o lateral viu El Mago no meio da área sozinho. Não teve dúvidas, rolou para Valdívia, que só tocou no canto direito de Vítor, que foi buscar a bola no fundo das redes.
O Palmeiras mostrava com este gol, 5 minutos depois do gol gremista, que estava ligado na partida. Mostrava que ia ser difícil os gaúchos fazerem um gol, e se fizessem, tínhamos poder de fogo para dar o troco na sequência. Há que se concordar que era um grande balde de água fria, na situação em que o Grêmio se encontrava. Nitidamente o tricolor gaúcho sentiu o baque, o "Pofexô" fez careta denovo após tomar o gol, e a magia de Valdívia voltou a ser um fator importante numa decisão.
O chileno começou a acertar dribles, dar passes perigosos, e num lance próximo à lateral direita, fez 4 embaixadinhas, limpou três gremistas que o marcavam e enfiou com precisão para Barcos, que arrancou em direção ao gol e foi derrubado. O juiz, que errou muito ao longo de toda a partida, invertendo inclusive laterais, aliviando a pancadaria de Judas, entre outras asneiras, mostrou neste lance toda a sua incompetência. Expulsou Rondinelli no Grêmio, pela falta. Já era um exagero, mas como era a nosso favor, ninguém reclamou. Então Henrique apareceu correndo enfurecido, vindo da zaga para tirar satisfações com os zagueiros gaúchos. Porém, antes que pudesse encostar em alguém ou falar qualquer palavra, tomou um soco no queixo. Fernando, o pugilista, foi expulso. Tudo maravilhoso, 15 minutos para o fim do jogo, 1a1, e 2 jogadores a menos no adversário. Era correr para o abraço. Mas então aconteceu o inesperado, algo que nunca se vê, em meio a tantos gols impedidos, bolas que entram e o gol não é dado, entre outros erros grotescos de arbitragem que ocorrem porque nunca se faz o que foi feito ontem. A arbitragem se reuniu em uma pequena comissão, confabulando sobre algo que, supunha-se não seria bom para nós. As imagens da televisão mostraram claramente comunicações pelo rádio entre auxiliares e "alguém". Não se sabe se houve consulta de imagens de tv para rever o lance (algo que, oficialmente, não é permitido) e, por fim, a comissão resolveu expulsar Henrique, por motivos que apenas ela compreende (ou nem ela!).
A arbitragem de ontem deve explicações a todos a respeito do lance, pois foi uma atitude que a todos pareceu inexplicável!
Mas, seguiu o jogo, sem o guerreiro Henrique. Seguiu sendo cozinhado por nossos atletas, que só precisaram apanhar bastante (com a conivencia plácida do juiz) até que este apitasse o final do jogo, e sacramentasse nossa classificação para a final do torneio que pode significar um segundo semestre extremamente tranquilo.
O time jogou muito, dentro de uma proposta clara de ficar focado no setor defensivo. Deu muito certo, tanto na ida quanto na volta. Agora é começar a se planejar para a final. Já estamos vacinados com o Coritiba. A humilhação no ano passado determina que todos, desde a torcida até principalmente os jogadores, entrem com os pés no chão e sabendo que enfrentaremos um adversário dificílimo - porém, nenhum bicho-papão, pois contra um São Paulo com um a menos e tendo toda a posse de bola, o Coxa conseguiu não só chegar apenas uma vez a uma finalização, mas ainda levar um gol! E isto porque a defesa do São Paulo é uma várzea!
O cuidado deve ser muito grande na partida fora. Se for a primeira, teremos grandes problemas com a ausência de Henrique, que fechou a entrada da área com maestria! Felipão terá duas semanas para se virar sem ele.
Falta pouco para o grito de campeão. Hoje é dia de comemorar!
O Maluco.
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